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Meu encontro com um pitbull



Acho que era 2003, levei a esposa ao ponto de ônibus por volta das 5 horas. Ao deixá-la dentro do transporte voltei para casa. Na caminhada de volta ouvi um barulho atrás de mim, me virei e vi um cão pit bull se aproximando rapidamente. Estremeci... Raciocinei que era má ideia correr porque viraria alvo de caça. Bicho enorme! Quando aos meus pés vi que era filhote. Fiquei alerta, logo perdi o medo pois percebi os sinais corporais dele, rabo abanando, o grunhinho calmo e de alegria. Alívio. Passei a mão na cabeça para corresponder o abanar da calda. 

Voltei a andar e ele me seguia, um pouco atrás, ao lado, fazendo círculos em mim e cheirando quase tudo pelo caminho. Desisti de ir para casa, preferi antes uma volta pelo quarteirão com a esperança de que o dono o encontrasse. Não tive sucesso, as ruas estavam totalmente desertas, ainda era fim da madrugada. Então fui para casa levando o animal porque havia deixado uma criança dormindo e não deveria ficar ausente. 

Entrei, deixando-o no corredor. Em determinado momento, a bicharada dos vizinhos latiram para ele, que apenas levantou-se e ergueu a cabeça olhando para o céu e emitiu um único “au” e todos pararam de latir. Todos se calaram com a voz grossa daquele bebê grandalhão! Acho que ele disse:" agora sou o rei desse pedaço, calai-vos". 

 Liguei para o celular da mulher e contei sobre o visitante:

- Você enlouqueceu?! 

Quando a minha esposa retornou, o grandalhão havia comido muito e dormido bastante. Ao abrir o portão, o cachorro levantou-se e fitou seus olhos nela, olhar calmo e curioso. Manteve-se em silêncio e imóvel, enquanto ela se aproximava apavorada. Passou por ele e fechou as portas atrás de si... Depois descobriu que era manso, tal qual cavalo forte domado. E fez amizade com ele também.

De comum acordo, a família não quis o bichão. Não havia espaço, nem tempo ou dinheiro para encher a pança dele. Também não quisemos soltá-lo ao léu, para não criar confusão, para ele não ser vítima de preconceito devido ao estigma de animal assassino.  

Passamos algum tempo pedindo informações sobre a origem dele para a nossa vizinhança, mas sem sucesso. E foi com alegria que no outro dia recebemos a notícia de uma vizinha dizendo ter encontrado o dono dele. Nunca tivemos confirmação se de fato pertencia a tal pessoa informada, mas sabíamos que cuidaria dele, pois tinha outros da mesma raça. 

Parece mentira, mas é verdade! 

E.A.G.

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